Foi publicado em Maio de 2011, uma detalhada análise dos efeitos do Big Data
nos diversos segmentos de negócios, para os próximos anos. O trabalho Big data: The next frontier for innovation,
competition and productiviy, foi elaborado pelo MGI_Mc Kinsey Global
Institute, braço de pesquisa da conceituada McKinsey, com dois focos
diferentes; um econômico e outro gerencial, tentando moldar as influências
desse novo conceito nos domínios da economia e dos negócios. Na realidade, a
percepção sobre Big Data deve ser em vista em duas direções: a de causa e a de
efeitos. O fenômeno Big Data, será a “causa” de melhorias analíticas aplicadas na busca de
informações e de conhecimento e será “efeito” de uma série de novos processos e
necessidades de negócios, estendidas para domínios, antes não observados.
Os dados
produzidos pelas empresas, centrados nos seus clientes, fornecedores,
colaboradores, etc se juntam aos produzidos por milhões de sensores espalhados
em celulares, carros, câmeras, etc para criar , em altíssimo volume, o conceito
de Big Data. Os dados, sejam “big” ou não, cada vez mais se transformam em
ativos fundamentais das empresas e se alinham com outros fatores de produção,
como ativos fixos e capital humano nas atividades econômicas modernas e nas
engrenagens de crescimento e inovação.
O foco
desse relatório se firma no valor agregado que esse novo tipo de insumo pode
trazer para as organizações ou setores da economia e tenta, de certa forma,
quantificar o seu valor.
O
trabalho foi desenvolvido pela equipe McKinsey e contou com a valiosa
colaboração da Academia, na figura das Universidades de Califórnia, San Diego,
através do seu Centro Global para Informação da Indústria (Global Information
Industry Center), além de figuras importantes envolvidas na área de informação
da Universidade Berkeley, do conceituado MIT e outros.
Alguns
pontos importantes apontados no relatório da McKinsey indicam a propensão de
algumas áreas como potencialmente influenciadas/influenciadoras do conceito de
Big Data.
Área de
Administração Pública:
•
Na Europa,
nesse segmento, são estimado gastos
de 250bilhões de euros/ano;
•
O
conceito de Big Data influenciará na facilidade de atendimentos, como pré-preenchimento
de dados em documentos(Imposto de renda, por exemplo), devido à maior amplitude
de informações existente ;
•
Permitirá
a exposição de variações de efetividade entre diferentes unidades públicas de
atendimento, buscando maior produtividade e qualidade dos serviços;
•
Permitirá
uma melhor segmentação de público visando maior efetividade no seu atendimento. A Agência Nacional de Empregos da
Alemanha, por exemplo, reduziu gastos em 10 bilhões de euros/anuais, depois de melhor classificar os
seus “clientes”, ou em outras palavras
os “desempregados”;
•
O
crescimento do conceito de Big Data impulsionará também a aplicação de
algoritmos automáticos para realizar revisões de documentos;
•
O
conceito também facilitará mecanismos públicos de transparência de gastos, como
o existente na Inglaterra e acessível em
www.wheredoesmymoneygo.com
Localização
pessoal:
•
Com o
crescimento dos “devices” portáteis será incrementado o Mobile
marketing, ou seja
aquele que permite que , pelo seu GPS, você receba uma oferta, por message ou
e-mail, etc, quando estiver “ fisicamente” perto de uma loja, ou defronte a
vitrine da loja em promoção. Isso incrementará as ações baseadas na localização,
visto que você agora é um conjunto de bits
portáteis;
•
Também
aparecerão/aumentarão as oportunidades de uso dos celulares para “mobile”
shopping, de onde você fará a transação comercial, autorizando o débito na sua a
operadora de cartão.
•
Além
desses pontos, também dados originados das formas mais “esquisitas” aparecerão.
Por exemplo, a empresa SecureAlert tem como negócio acompanhar os movimentos
dos presos que estando em liberdade condicional, carregam aquela espécie de
tornozeleira digital(ankle cuffs), um tipo de GPS, que envia os dados de sua
localização. Nos EUA há em torno de 15000 pessoas nessas condições. Os seus
passos, ou a sua aproximação indevida de pessoas/localizações definidas(devem
ficar em casa ou não podem se aproximar de desafetos, testemunhas registradas no processo de liberação, por
exemplo) são monitoradas. Esses bilhões de sinais enviados são analisados,
visando o cumprimento da legislação e criando o que sugeria , no filme Minority
Report, o conceito de “crime prognosticators”, ou seja a inferência
de que algum problema potencial possa ser criado. Inclusive há a possibilidade
de interferir no comportamento, através do envio de um sinal sonoro(alarme) que
pode agir como “freio”, antes de avisar as autoridades competentes a respeito
daquela violação. Esse “analytics” de comportamento exige o armazenamento de
Big Data e por consequência um tratamento rápido desse gigantesco volume de
dados. Outro exemplo de aplicações de localização,
embora não pessoal é o da empresa XPress Enterprises. Essa empresa, uma das
maiores no segmento de caminhões nos EUA, tem uma frota de mais de 10.000
unidades. Cada caminhão, dotado de
sistema de rastreamento, que registra informações diversas sobre consumo de
combustível, uso de freios, uso do ar condicionado, locais de descansos dos
motoristas etc, além do posicionamento georeferenciado do veículo. Todos esses
dados, claro são submetidos a um intenso tratamento analítico, que em última
análise, tenta otimizar o custo de cada viagem. Num desses estudos, a empresa
conseguiu a redução de custos de US$24 milhões/ano, através da monitoração das
temperaturas ambientes da cabine, com uma diminuição de consumo de
combustível.
Varejo:
•
O Big
data incrementará o chamado “Cross
selling”. Observe que 30% das vendas da Amazon vem daquela observação singela
que te cerca sempre nas compras on-line:“Quem compra
esse..., também compra .........”. Isso é o “ cross-selling”, que será cada vez mais
aprofundado com a maior de quantidade de
informações registrada a respeito de cada um de nós;
•
O chamado
“marketing baseado em localização”, conforme visto no item de localização
pessoal(geoposicionamento) alavancará as vendas de varejo;
•
A análise
de comportamento “in-store”, permitindo uma análise instantânea do seu perfil
de comprador quando você entrar no supermercado e passar o seu ID no carrinho
de compras, por exemplo;
•
A
evolução do CRM, com a micro-segmentação de clientes(chegando quase ao nível de
personalização, ou o chamado CRM 1:1);
•
A
evolução da análise de comportamento( chamada de “Sentiment Analysis”, ou BHI-Behavior
Intelligence, com a extensão de ferramentas de BI, mining e “analytics” a domínios ainda inexplorados;
•
O
conceito de Big Data também permitirá a otimização de estoque(Assortment
optimization), otimização de preço, otimização de prateleiras e de
localizações, etc;
•
Aparecerão
claras melhorias em operações de “Supply-Chain” com consequentes ideias novas sobre modelos de
negócios.
Saúde:
•
O Health
Care, programa de saúde pública nos Estados Unidos, é estimado em cerca de US$300 bilhões por ano ;
•
O uso de
Big Data permitirá uma melhor correlação entre cooperado, operador de serviços
de saúde, tratamentos, medicamentos, procedimentos etc visando a uma maior
efetividade operacional (redução de custo , maior produtividade e ganho );
•
Será
incrementada a pesquisa sobre a efetividade de tratamento, com o
aparecimento/evolução de sistemas de suporte a decisão clínica(evitar
prescrições incompatíveis com dados históricos do paciente), permitindo maior transparência sobre dados médicos;
•
O
conceito de Big Data será influenciado/influenciará ações de monitoração remota
de pacientes(sensores) e a análise permitirá aplicação de mineração avançada
sobre perfis de pacientes(analytics com segmentação de pacientes, com maior
risco/propensão a certas doenças), incrementando o campo da análise preditiva;
•
O
relatório da McKinsey pode ser obtido na referência:
Outras referências:
Data Analytics: Crunching the
future-Ashlee Vance. Bloomberg Businessweek, publicado em 08/09/2011 e acessado
em 15/09/2011, através de www.businessweek.com