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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Governança e Gestão de dados na prática-Parte IX


Diagnóstico do estado atual de Governança e Gerência de dados

Uma das práticas possíveis quando se deseja implementar um Programa de Governança de dados numa empresa é saber um pouco do seu estado atual com relação aos dados, sua gestão, eventualmente aspectos de Governança e Gerência e uma visão de propensão às mudanças culturais relacionadas a esses recursos. Por mais distante dos conceitos atualizados de Governança e Gestão que uma empresa possa estar, ela sempre tem algum mecanismo de controle sobre alguns dos seus dados, mesmo que em estado, digamos, mais operacional e menos organizacional. Há provavelmente alguns controles sobre Bancos de dados, ou arquivos críticos, há certos mecanismos de gerência sobre  segurança de dados (aqui houve forte contribuição dos hackers), há diagramas de bancos de dados normalmente em planos físicos para não se perder a referência dos comandos SQL,etc. Assim, uma prática que pode ser adotada é a realização de uma avaliação sobre esse estado atual, via entrevistas/discussões, que poderão ser realizadas com duas visões separadas: Uma inicial e outra mais detalhada. A inicial, normalmente com a alta e média gerência (inclusive CIO), buscando-se a  captura da propensão  da empresa para  os aspectos de dados, sua gestão e controle  e a outra, com uma aproximação focada na gerência média, onde detalhes e especificidades serão levantadas em contextos já priorizados.

a)Visão inicial : Lembre-se que a cultura sobre dados nas empresas vem acompanhada de um viés de “proprietarismo”, espécie de clima onde vemos áreas e funções se considerando possuidoras daqueles recursos, carecendo de uma percepção maior sobre a conveniência e pertinência dos dados serem um  ativo de âmbito organizacional. Nessa abordagem inicial  se buscaria a resposta ao “Why” ou “ o porquê” de um programa de  dados. Nesse ponto seriam levantados os principais desafios organizacionais, “dores” , problemas, aspectos de riscos de reputação e de “compliance”, valoração, etc, tudo relacionado aos dados, permitindo também a aferição do grau de motivação/convencimento que um programa desse demanda, em função de posições de defesas e argumentos “culturais” colocados. Essa visão seria um primeiro olhar sobre os  dados sensíveis e críticos da empresa(“What”), escopo e áreas organizacionais/assuntos que merecem maior foco (“Where”) e aspectos de prioridades(“When”). Em função desses parâmetros, os primeiros sinais de “How”(Como-os dados são tratados), “Who”(Quem está envolvido com dados) e “How much”(Custos potenciais das possíveis soluções e também dos problemas relacionados) aparecerão, ampliando a possibilidade de uma solução mais  embasada e direcionada de Governança de Dados, aplicada na resolução de problemas de negócios.

b)Visão mais detalhe: Essa visão seria feita, com mais foco, através de  entrevistas nas áreas selecionadas, em função dos “drivers”  obtido no item anterior. Aqui seriam entrevistadas gerências operacionais e áreas de TI, envolvidas com os dados mais sensíveis daquele contexto, obtendo-se mais detalhes sobre como os dados são percebidos e gerenciados num patamar mais tático e operacional. Os conceitos de 5W2H, vistos anteriormente , agora ganham desdobramentos em pontos com detalhes que irão compor uma estratégia ou  plano de dados, a ser apresentado como elemento “driver” de um programa importante.

c)Ferramentas: Nesses trabalhos poderão ser usados referências de modelos de gestão de dados, que ajudam na estruturação de questões para o levantamento. Há vários modelos disponíveis na literatura, com destaque para DMM, DMBOK e DCAM, além de outros atrelados a produtos. O primeiro, o DMBOK-da Data Management Association-DAMA, o segundo o DMM-Data Management Maturity Model do CMMI Institute,  e o outro o DCAM-Data Management Capability Model, do EDM-Council. Os três podem servir de referência para um trabalho deste tipo, com as devidas adaptações. No caso deste trabalho, consideraremos o DMBOK do DAMA-Data Management Association e o DMM  do CMMI Institute. Os principais conceitos desses dois modelos são os princípios básicos de qualquer abordagem de dados, e poderão ser usados na forma de perguntas/discussões sobre processos/áreas de processos de dados, criando pontuações em funções dos níveis percebidos de maturidade e capacidade desenvolvidas na gestão dos dados.

Visão DMBOK®-Data Management Association
As eventuais planilhas a serem preenchidas  poderão, por exemplo, ter um conteúdo mais orientado ao DMBOK®, com  questões sobre os seus corpos de conhecimento, assuntos e práticas funcionais, acrescidos de outros temas não incluídos ainda no modelo atual da DAMA. Poderão estar no DMBOK® 2.0, previsto para a metade de 2017. Poderíamos ter Planejamento de Gestão de Dados, Controle de Gestão de dados, Arquitetura de Dados, Modelagem e projetos de dados, Segurança de dados, DW/BI, Dados Mestres e de Referências, Gestão de conteúdo e documentos, Metadados, Qualidade de dados, Integração de dados, Big data, IoT, Dados não estruturados e uso de NOSQL, por exemplo. A figura 09 ilustra o diagrama DMBOK® , adaptado pelo autor.  Para cada questão, poderemos ter diferentes notas atribuídas (de 1 a 5), por exemplo, representando graus de capacidade/maturidade observados.  

               Figura-09-Modelo DMBOK®-V01-Exemplo de avaliação de maturidade-adaptado pelo autor

As notas poderiam ser dadas da seguinte forma, considerando cada prática analisada  :
1-Realiza ou possui ações de forma pontual ou por decisões isoladas;
2-Realiza ou possui ações em nível de projetos, com uma visão neste contexto;
3-Realiza ou possui ações em nível organizacional, por áreas de assunto/negócios, projetos associados, etc, com uma visão mais organizacional, por assunto, linhas de negócios,etc ;
4-Realiza ações no nível 3 mas também aplica controles estatísticos sobre processos e produtos gerados;
5-Realiza ações no nível 4 e periodicamente, via PDCA, procura o refinamento dos processos e produtos ;
6-Não sabe responder.
A figura 10 mostra um segmento de planilhas usadas em avaliações de Governança e Gerência de dados, baseadas em modelo DMBOK®, CMMI e MPS, que apresenta este estilo de ponderação.


           Figura-10-Planilha de avaliação de Gestão e Governança de dados-baseada e adaptada dos modelos                  DMBOK®-MPS-CMMI

Pontos importantes:
São fatores críticos, a observar:
1-Escolha correta dos entrevistados e envolvidos, o que deverá ser antecedido por uma análise juntamente com os potenciais patrocinadores da estratégia de dados da empresa;
2-Apresentação clara sobre o que significa cada prática investigada de tal forma a coletar a informação mais precisa possível;
3-Apresentação clara sobre os resultados alcançados, alinhado por sugestões de ações que poderão mitigar ou cobrir as lacunas e vulnerabilidades detectadas.

Referências:
Data Management Maturity Model(DMM) Model.CMMI Institute August 2014-version 1.0.
DAMA-DMBOK2-Framework-Patricia Cupoli; Susan Earley; Debora Henderson-Set. 2012.
Modelo Data Management Maturity(DMM). CMMI Institute-Agosto de 2014-versão 1.0.
MPS-Melhoria de Processo de Software-Guia Geral de Software:2016.
MPS- Melhoria de Processo de Software-Guia de Avaliação:2017-Parte 1.
MPS- Melhoria de Processo de Software-Guia de Avaliação:2017-Parte 2.
The DAMA Guide to Data Management Body of Knowledge(Dama-DMBOK® Guide)-First Edition 2009.

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