Evento:
Estivemos
no DGIQ-Data Governance and Information Quality, em San Diego-Califórnia. O
DGIQ gradativamente se transforma no maior evento do mundo dedicado exclusivamente
ao assunto de Governança e Qualidade de dados. Com duas edições por ano,
normalmente uma na Costa Leste no inverno americano(+- Novembro) e outra na
Costa Oeste, próximo do verão deles(+-Junho/Julho), o evento reúne especialista
do mundo inteiro, com mais de 50 palestras, tutoriais e dois cursos fechados.
No evento passado, em DelRay Beach (FL), assisti ao curso de Formação de
Gestores de Dados (The Complete Guide to Data Stewardship), com David Plotkin.
O outro curso oferecido, com Danette McGilvray(Tem steps to Data Qualiy), eu já
havia feito na forma virtual, pela Data Versity. Os cursos foram oferecidos
novamente neste evento, em San Diego, pelo sucesso certamente alcançado. Na
geografia, também a GD se expande. Na Flórida, no final de 2016, somente eu,
como rep do Brasil. Aqui na Califórnia, encontrei com Glenda Amaral, analista
do Banco Central. Além de nós 2 brasileiros, havia outros estrangeiros: 21 do
Canadá, 2 da Irlanda, 2 da República Tcheca, 2 da Holanda,4 da Noruega, 2 da
Suíça, 2 da França, 4 do México,1 da Dinamarca e 1 da Austrália. Isso mostra a
capilaridade crescente do assunto em todo o mundo.
Objetivo:
O
objetivo da CBCA-Carlos Barbieri Consultores Associados, é botar uma lupa nos
conceitos de GD-Governança de dados e Qualidade e aferir como estão essas
práticas aqui na Terra de Tio Sam, comparadas com aquelas que aplicamos no
Brasil. De imediato se percebe, claro e óbvio, que, por aqui, as coisas estão
bem mais avançadas em termos de dados. Nos EUA devem existir em torno de 500
CDO´s e no Brasil não mais do que 5. No Brasil, ainda estamos começando com GD,
com poucas empresas se movimentando para domar a fúria dos dados, que se
avolumam em proporções assustadoras. Nos EUA e no restante dos países
presentes, era nítido o número de organizações já com GD institucionalizada.
Como o crescimento dos dados não vem acompanhado de um mínimo de organização e
responsabilidade, as coisas tendem a ficar complicadas cada vez mais, na medida
em que as organizações brasileiras ainda não se conscientizaram plenamente deste
problema. Agora é que algumas começam a despertar desta sonolência , embora em
proporção menor do que se espera. Certamente a crise e o momento Brasil estão freando
a implementação de GD no nosso pais.
Alguns temas discutidos:
Analisando-se
a programação e mergulhando em alguns dos PDF´s distribuídos, observa-se a
seguinte temática:
a)Há
uma prevalência pelo tema geral Como Implementar GD nas empresas,
com relatos de experiências e pontos a se observar nesses programas. Aqui o
ganho tangível é analisar os sucessos e tropeços descritos, aplicando-se os
devidos coeficientes de adaptação (do país, da indústria, da maturidade da
empresa e da cultura de cada uma). O exemplo que mais chamou a atenção foi a
palestra “key note” com HoChun Ho e
Kathy Patterson. Ambos da gigante JLL, que tem 78.000 empregados, 300
escritórios em 80 países, com um faturamento bruto de US$6,8 bilhões. Segundo
HoChun, diretor global de GD do conglomerado, eles implementaram o programa em
mais de 50% das empresas do grupo, num exemplo ainda não igualado. De
assustar...
b)Outro
assunto que despontou foi Metadados: Finalmente parece que o
patinho feio da GD começa a ganhar importância, quando se fala de Governança de
dados. Um tutorial dedicado à construção do Glossário de Negócios(do qual
participei) revela esse novo momento em termos de Metadados. Palestras versando
sobre Catalogação, profiling, tagging e linhagem de dados também aconteceram
para criar espessura no assunto. No mercado das ferramentas, fundamentais para
se tratar metadados, observa-se claramente o seguinte: As empresas europeias
que se destacam nesse segmento(a belga Collibra e a francesa Orchestra),
começam a perceber o crescimento de concorrentes americanas(Datum, Podium e
outras) e a aproximação nítida da gigante americana IBM, decidida a entrar no
mercado crescente de Governança de dados. A SAP, outrora mais focada no core
ERP, também já apresenta uma camada forte de Information Management. Ela e a IBM
foram as grandes patrocinadoras do evento(naquelas cotas do tipo platina,
ouro,etc);
c)O
assunto GD com Big Data também é outro que mereceu um tutorial(com Sunil
Soares) e algumas outras sessões, principalmente focadas nos conceitos de Data Lake
e dados não estruturados. Discussões surgiram com perguntas provocativas de
David Plotkin(autor de um excelente livro-Data Stewardship-An Actionable Guide
to effective Data management and Data Governance), hoje gerente de Data
Stewardship do banco Wells Fargo. Plotkin disparou perguntas para cima da mesa
dos debatedores, liderada por Sunil Soares( o autor com o maior número de
livros sobre GD). A questão central: Existe diferença entre GD de Big data e de
normal data. No Blog do Barbi, e no curso de PG da Puc-Minas já discutimos
muito sobre isso e vamos desenvolver ainda mais o assunto;
d)O
assunto GDPR-General Data Protection Regulation esteve em 4 palestras e
foi motivo de algumas perguntas minhas para os palestrantes/consultores, pelas
dúvidas que ainda restam sobre a regulação da União Europeia sobre privacidade
de dados e não claramente respondidas pelos especialistas europeus(os mais
envolvidos). Ainda há incertezas no ar, segundo pude perceber nas conversas com
os apresentadores dessas sessões, algumas das quais somente serão resolvidas na
base da “toga”, acho eu;
e)A
Dama Internacional esteve presente, com o patrocínio do “coffee break” de 2afa à
tarde. Além disso, houve o tutorial de Sue Geuens (Measuring Data Governance-How to
show value and prove success), sua presidente e ex-presidente da Dama
da África do Sul. Tive a oportunidade de falar com ela sobre o meu processo de
recertificação CDMP que encaminhei à Dama Internacional. No final do mês (dia
30 de junho), chega o DMBOK 2, que já pode ser reservado(no site da Dama
Internacional) na sua forma digital(custa US$75);
f)Também
mereceu destaque a entrega do prêmio anual de melhor implementação de GD,
outorgado pela DGPO(DG Professional Organization), neste ano, ganho pela
Vanguard Group, Inc. A Vanguard é uma gigante da área financeira que trabalha
com fundos mútuos(maior dos EUA) e a segunda em fundos(Exchange-traded) e tem
um ativo de 4 trilhões de dólares. A DGPO oferece um ótimo conteúdo de melhores
práticas em GD para os associados, além de Webinars de altíssima qualidade.
Tudo isso, por US$75/ano. Em conversa com a presidente desta associação, soube
que, neste evento houve mais de 200 novas inscrições;
g)O
tema GD ganha novas visões, pelas apresentações realizadas por Michael
McMorrow, com quem encontrei na Flórida e troquei dúvidas sobre o GDPR, e Len
Silverston, famoso especialista em Modelos de dados. O primeiro apresentou a
palestra intitulada “Data Governance meets Psycology 101” e Len fez uma roda, na beira da praia (da qual
participei), no fundo do Hotel e apresentou “Zen with Len-What does Zen has to
do with Data Governance”. Analisando o material de ambas, pode-se concluir que
o conceito de GD, pelas barreiras culturais existentes, sugere fatores extra
técnicos na sua abordagem. Daí as palestras que indicam cuidados de natureza
psicológica no entendimento dos obstáculos e dos interlocutores, além de uma
forma leve e envolvente de condução, a fim de se transpor os obstáculos
constantes nos programas de GD. Sobre a inédita apresentação que misturava Zen
com GD, vou escrever depois, talvez um #VejaBem, no FB.
Em
artigos futuros, falaremos sobre outros pontos importantes discutidos por aqui
no DGIQ-2017.
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