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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Governança/Gestão e a ética em dados-Parte 4

Privacidade por projeto:


Um dos pontos importantes que a Segurança e Privacidade começaram a cogitar, com a chegada dos conceitos de Big Data, IoT e IA(Inteligência artificial) é o chamado “Privacy by Design”, ou Privacidade através de projeto. No fundo, a ideia é que os aspectos de privacidade e segurança de dados sejam parte constituinte da solução dos sistemas, desde o início, ou seja “by design”. Esse ponto torna-se fundamental na medida em que essa temática(privacidade e segurança, quando em contextos de Big Data, IoT, e Inteligência artificial) exigirão cuidados muito maiores do que aqueles que normalmente são dispensados em sistemas até hoje. Por exemplo, os aspectos de Privacidade quando envolvidos com algoritmos de Inteligência artificial, como aprendizado de máquinas, demandará uma visão de muito mais cuidado e sensibilidade. Conceitos de XAI(Explainable Artificial Intelligence) e GAI(Governed Artificial Intelligence) já estão sendo trazidos  nestes domínios para definir algoritmos de IA que sejam explicáveis(XAI-eXplainable) e que sejam governados(GAI-Governed). No fundo isso tenta estabelecer um mecanismo de mitigação para os problemas relacionados com resultados embaraçosos ou inexplicáveis produzidos pela Inteligência artificial. Resultados errados em inferências médicas, ou em classificações indevidas de pessoas, além de atribuição de responsabilidade em desastres de carros autônomos, por exemplo, poderão ser resultantes da complexidade do ecossistema de IA.  Será fundamental neste contexto, o envolvimento de uma equipe multidisciplinar, com cientistas de dados, analistas de sistemas, especialistas em IA e Gestores de dados que deverão dar o tom correto do que se chama Inteligência artificial governada(GAI). A figura 01 mostra os conceitos que envolvem a Privacidade por projeto, onde aparecem aspectos éticos como respeito ao usuário, ações proativas e não reativas(como acontece hoje, quando soluções de privacidade e segurança são pensadas, com profundidade, somente depois que a casa cai) e o foco preventivo como gancho, minimizando os aspectos corretivos(a posteriori).

                                         
                                                Figura 01-Esquema de Privacidade por projeto (design)

Em resumo, a Privacidade por projeto(Privacy by design) representa ações planejadas, discutidas num arco de amplo espectro e  definidas nos níveis de projeto(design), focando no ciclo completo dos dados, garantindo transparências nas ações e mitigando os riscos que poderão advir de seus usos indevidos, tanto pela empresa, quanto pela máquina. Como consultor na área de dados e um “data geek” por natureza, fiquei em alerta para esse tema, depois de fazer dois cursos(EAD) na área de Ética sobre os dados. Um na Universidade de Michigan (Ethics on Data Science, com H.V. Jagadish)  e outro na Universidade de Seattle, com apoio da Microsoft (DAT249x: Ethics and Law in Analytics and AI, com Geneva Lasprogata, Nathan Colaner e Ben Olsen) . Depois desses cursos, recebi um artigo, escrito pelo meu ex-colega de Cemig, Virgílio Almeida e por Urs Gasser , publicado por Harvard.(1). O artigo, também versa sobre uma proposta de modelo estruturado em camadas para a adoção de uma Governança de Inteligência artificial. No fundo, haveria 3 camadas, uma com os elementos sociais e legais (normas , leis e regulações), outra com aspectos éticos(critérios e princípios)  e uma terceira com aspectos técnicos e os cuidados sobre os dados, envolvendo a GD-Governança de dados com padrões e a responsabilização dos algoritmos. Ou seja, claramente a privacidade e segurança de dados ganham contornos de preocupação com a aproximação da Inteligência artificial, chamada de “incrustable”(impenetrável), onde os algoritmos profundos de aprendizados de máquinas não são alcançados e  plenamente entendidos e portanto, sugerem a adoção de governança. O DMBoK® V2 já  havia trazido a palavra ética e princípios para dentro da seara de discussão de gestão/governança de dados, agora no seu lançamento em meados de 2017. Dessa forma, conceitos de justiça e igualdade, sem discriminação pelos dados, privacidade protegida ou até o grau de substituição do trabalho do homem pelas máquinas, começam a ganhar espessura. Isso vai sugerir novos olhos para a responsabilidade final(accountability) das empresas e para a explicabilidade(explainability) que poderá ser demandada em decisões polêmicas, feitas por “decisores” humanos ou algorítmicos. Assim, chegamos à conclusão de que os filmes de Tom Cruise não estão mais tão distantes , que Big Data é bem mais do que Data Lake com Hadoop e que IA, algo muito mais profundo nos seus efeitos do que sugerem os frios e descansados algoritmos de “deep learning”.   

Referências:

1-Gasser, Urs, and Virgilio A.F. Almeida.2017. “A Layered Model for AI Governance.” IEEE Internet Computing 21 (6) (November): 58-62. doi: 10.1109/mic.2017.4180835

2-Jagadish, H. Ethics on Data Science. Curso EAD. Universidade de Michigan, 2017.

3-Lasprogata, G.,Colaner,N., Olsen,B.  Curso EAD. Ethics and Law in Analytics and AI. Universidade de Seattle. 2017

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